Verdade ou mentira – Dez mitos sobre tecnologia

Dez mitos sobre tecnologia

Quando se trata de tecnologia, muitas dúvidas sobre cuidados com equipamentos pairam na cabeça dos usuários. Notebooks e celulares podem explodir mesmo?  Empurrar o CD com o dedo para inseri-lo no PC é prejudicial ao equipamento?  Dois antivírus simultâneos dobram a proteção do computador?

Para responder a essas e outras perguntas,  e dúvidas bem comuns sobre o assunto foram ouvidos três especialistas do mercado para dar as respostas, como o professor Sérgio Penedo, da Faculdade de Computação e Informática da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap); o Gerente de Tecnologia da Informação da Trevisan Escola de Negócios, Ricardo Delgado; e o consultor de tecnologia Josemar Guimarães. Confira as respostas a abaixo:

1 º – Ter o desktop cheio de ícones deixa o computador mais lento?

VERDADE

  • Segundo o professor Sérgio Penedo, isso depende da forma de visualização dos ícones: se dispostos como miniaturas, podem de fato tornar mais lento o acesso ao desktop, por necessidade de redesenho a cada atualização de sua pasta. Em se tratando de ícones simples, muitos deles apenas evidenciariam a probabilidade de se ter mais programas instalados no PC, o que poderia significar mais itens carregados em memória. Não se trata de regra, mas é evidência de uma forte possibilidade de lentidão.
Já Ricardo Delgado, da Trevisan, também afirma que os ícones deixam o computador mais lento, pois a atualização das imagens é constante e quanto mais imagens, maior o tempo de término.

2º – Empurrar o CD com o dedo para inseri-­lo no gabinete prejudica o equipamento?

 

VERDADE, MAS COM RESSALVAS

  • Sim, os especialistas explicam que, com o tempo, ao se forçar a bandeja  que opera ativada por pulso eletrônico ou, quando muito, sob rápida pressão mecânica, desgastam-se as correias e engrenagens que a movimentam.

 

3º – Pelo bem do monitor, é conveniente usar protetor de tela quando não está em uso?

VERDADE

  • Em alguns casos, as imagens exibidas na tela sofrem contínua modificação (caso de um filme), mas em outros casos, algumas áreas da tela sofrem pouca ou nenhuma alteração em termos da intensidade dos pixels (exemplo é a barra de tarefas).  Em monitores de tubo (CRT) ou de plasma, tal situação faz com que surjam imagens fantasma decorrentes do enfraquecimento progressivo dos componentes de fósforo que emitem luz em cada feixe do tubo.

 

  • A longo prazo, o efeito é irreversível, e surgem sombras (os ditos fantasmas) na tela. O professor da Faap, Sérgio Penedo, explica que os monitores de LCD não são afetados pelo problema das imagens fantasma, mas sofrem do problema de persistência de luz: cristais líquidos possuem um estado de relaxação natural, de modo que quando se aplica a eles uma tensão, se rearranjam para bloquear certos padrões de feixes luminosos.

 

  • Se sujeitos sempre à mesma tensão (ou seja, no caso de imagens estáticas) por um longo período de tempo, os cristais líquidos podem desenvolver uma tendência a ficar na mesma posição. Tal efeito também ocorrente em telas de plasma, é usualmente temporário (podendo recorrentemente se tornar irreversível).

 

4º – Dois antivírus simultâneos dobram a proteção do computador?

MENTIRA

  • Todos os especialistas consultados pelo UOL Tecnologia dizem que dois antivírus distintos podem aumentar o raio de alcance da detecção, mas raramente dobrar a proteção já que possuirão, muito provavelmente, bases de vírus similares em uma análise mais genérica.

 

  • O curioso é que alguns antivírus até recomendam que antes de sua instalação seja desinstalada outra versão, pois sua heurística pode vir a detectar a quarentena daquela versão como vírus.

 

5º – Desplugar o pendrive do computador sem os métodos de segurança estraga o micro?

VERDADE, MAS COM RESSALVAS

  • A rigor, o pendrive nada sofre fisicamente se for de procedência confiável terá em seus circuitos um módulo de proteção contra interrupções. De acordo com o professor Sérgio Penedo, o risco maior é de corrupção de dados, pois se retirado durante operação, o uso de cache no disco rígido pode fazer com que o arquivo aberto no pendrive não seja salvo a contento.

 

  • Em suma, remover o pendrive durante operação pode, esporadicamente, danificar os dados do equipamento, assim como em um blecaute durante um acesso a um HD.

 

  • Remover o pendrive sem desativá-lo pode provocar, em poucos casos, um curto-circuito na porta USB, e, em chances ínfimas, provocar a corrupção do sistema operacional, se, por coincidência, processo do sistema operacional estiver sendo feito na memória no momento da retirada.

 

6 – Notebooks e celulares podem explodir mesmo?

VERDADE, MAS COM RESSALVA

  • Por motivo de faiscamento que induza a uma explosão, não. Testes já foram feitos em tais condições e explosões não ocorreram.  Mas, de fato, empresas de notebooks e celulares já fizeram recall de seus equipamentos, por conta do risco de explosões, mas isso se deveu ao mau dimensionamento de suas baterias recarregáveis que, se expostas a calor excessivo (o que é usual nas reações eletroquímicas de recarga), podem acarretar explosões.

 

  • Segundo professor da Faap, Sérgio Penedo, há relatos de explosões ao se conectarem cabos de energia dos carregadores nas tomadas, mas o problema passa a ser de curto-circuito na rede, e não devido aos equipamentos em si. Outros especialistas também dizem que não é comum isso acontecer em condições normais de funcionamento e fabricação. Lembrando que caso haja uma concentração de gases muito grande no mesmo ambiente e algum processo de combustão se iniciar.

 

7º – Não dar 8 horas de carga na bateria do celular reduz o seu tempo de vida?

MENTIRA

  • Nas baterias mais antigas (como as de níquel-cádmio), sim, reduziria seu tempo de vida, pois ocorria o dito “Efeito Memória”, que carregava a bateria com a diferença de carga entre seu valor nominal máximo e seu valor remanescente.  Nas baterias atuais, como as de lítio e as de níquel-hidreto metálico, o efeito é nulo, de acordo com o professor da Faap, Sérgio Penedo.

 

  • Para o consultor Josemar Guimarães, “depende do que diz o manual de instruções”. No caso de alguns produtos, especialmente celulares, os usuários podem começar a usar a novidade sem dar qualquer carga inicial. Já quando se trata de notebooks, é possível que o consumidor tenha de encher a bateria durante o primeiro uso”, explica.

 

8º – Formatar o HD várias vezes pode estragá-lo?

MENTIRA

Segundo o professor da Faap, Sergio Penedo, um HD é projetado para inúmeras repetições de operações. Naturalmente, muitas formatações reduziriam em alguns dias a vida útil do HD, mas nada significativo.

  • Em suma, a formatação lógica não traz prejuízo algum ao HD, quantas vezes for feita. A questão é que existia uma lenda de que uma formatação física do HD (o antigo fdisk) “refazia” todas as linhas de fluxo magnético dos blocos. É boato, pois o fdisk só reescrevia a MBR (Master Boot Record) do HD, e a magnetização das trilhas de dados se preservava.

 

  • Para o consultor Josemar Guimarães, formatar o disco rígido não reduz a sua vida útil. As agulhas de escrita e leitura não tocam a superfície dos pratos, e, por isso, só ocorrerão danos se houver um choque violento entre estes dois componentes. Formatar o disco rígido é praticamente o mesmo procedimento feito ao acessar um arquivo no micro.

 

9º – Ímã estraga o HD?

MENTIRA

  • Geralmente, só em discos antigos. Para o professor da Faap Sérgio Penedo, quando sujeito a campos magnéticos de intensidade elevada, um HD pode ter realinhadas suas linhas de fluxo magnético, que representam fisicamente o armazenamento de dados.

 

  • É o caso de detectores de metais em aeroportos, em que, sobretudo, HDs antigos, com menor blindagem, ficam mais sujeitos ao realinhamento de linhas de fluxo.

 

  • O consultor Josemar Guimarães explica que os modelos mais antigos dos discos de gravação, que utilizavam uma tecnologia semelhante às dos disquetes, realmente sofriam com este problema.

 

  • Atualmente, a não ser que se use um ímã extremamente poderoso, as chances de um simples ímã de geladeira perto do computador possam ocasionar perda de dados ou danos ao hardware são ínfimas. Isso porque o campo magnético gerado por estes objetos é muito pequeno, incapaz de influenciar no campo gerado pelo próprio disco rígido.

 

10º – Colocar o HD no freezer recupera os dados?

VERDADE, MAS COM RESSALVA

  • Para o professor da Faap, Sérgio Penedo, se o HD tiver cabeças de leitura arranhando as trilhas, impossibilitando o acesso a seus dados, deixá-lo no freezer fará com que os cilindros se contraiam e assim as cabeças desencostem das trilhas. Por um intervalo curto de tempo (enquanto houver contração nos metais), o HD poderá voltar a girar, até que o HD aqueça.

 

  • O tempo é suficiente para a gravação dos dados em outra mídia. Recomenda-se, por razões óbvias, embalar o HD de forma hermética antes de inseri-lo no freezer.

 

  • O consultor Josemar Guimarães explica que, congelado, o disco rígido não se recupera para sempre, mas garante alguns minutos de sobrevida necessários para salvar os dados perdidos.

 

  • Embora pareça um procedimento estranho, o congelamento provoca a retração da área afetada. Assim, o disco que não pode ser lido em temperatura ambiente passa a aceitar leitura quando congelado. Em caso de danos mais sérios, a técnica não funciona.